
Prepare-se para mergulhar em um universo fascinante onde ciência, saúde e qualidade de vida se encontram! O diabetes mellitus, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, representa um dos maiores desafios da saúde pública atual. Mas não se engane – embora seja uma doença crônica, o conhecimento é nossa maior arma para transformar diagnósticos em histórias de sucesso e bem-estar!
Nesta série de artigos, vamos desvendar os mistérios do diabetes, desde sua definição até as mais modernas abordagens de tratamento. Você descobrirá como pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma enorme diferença, e como a ciência tem avançado para oferecer novas esperanças aos que convivem com essa condição.
Seja você um profissional de saúde buscando atualização, alguém que convive com diabetes ou simplesmente uma pessoa curiosa sobre o tema, este conteúdo foi elaborado para informar, inspirar e capacitar. Vamos juntos nessa jornada de descobertas que pode transformar vidas!
DIABETES MELLITUS 1: COMPREENSÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Questões Abordadas Neste Material:
- O que é diabetes mellitus?
- Quais são os tipos de diabetes?
- Como o diabetes é diagnosticado?
- Quais são os sintomas clássicos do diabetes?
- O que causa o diabetes tipo 1?
- O que causa o diabetes tipo 2?
- O que é pré-diabetes?
- O que é diabetes gestacional?
- Quais são os critérios de diagnóstico para diabetes?
- Qual a diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2?
O que é Diabetes Mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome clínica heterogênea caracterizada por anormalidades endócrino-metabólicas que alteram a homeostase metabólica. O elemento fundamental dessas anormalidades é uma deficiência insulínica absoluta ou relativa, que se manifesta por uma função secretora de insulina deficiente pelo pâncreas e/ou por alterações periféricas na relação insulina-receptor e eventos pós-receptor.
Em termos mais simples, o diabetes é um grupo de doenças caracterizado pelas altas concentrações de glicose sanguínea resultantes de defeitos na secreção de insulina, na ação da insulina ou ambos. A insulina é um hormônio produzido pelas células beta do pâncreas, necessário para o uso ou o armazenamento de combustíveis do corpo (carboidratos, proteínas e lipídios). As pessoas com diabetes não produzem insulina suficiente; com deficiência de insulina ocorre hiperglicemia (glicose sanguínea elevada).
O diabetes contribui significativamente para o aumento nos índices de morbidade e mortalidade, que podem ser reduzidos pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Incidência e prevalência
Em 2014, a prevalência total de diabéticos de todas as idades nos Estados Unidos era de 29,1 milhões de pessoas (15,5 milhões de homens adultos e 13,4 milhões de mulheres adultas) ou 9,3% da população. Desses, 21 milhões estão diagnosticados; e 8,1 milhões, não. No Brasil, haverá um aumento de 5,1 milhões de adultos (idade entre 20 e 79 anos) com diabetes em 2030. Em 2010, o número de adultos com essa doença foi de 7,6 milhões e a projeção para 2030 é de 12,7 milhões, estando o Brasil em 5° lugar entre os países com o maior número de pessoas com a doença.
O aumento da prevalência do diabetes tipo 2 tem sido dramático nos grupos etários mais jovens, principalmente nas populações minoritárias. Entre os jovens com diabetes recentemente diagnosticada, cerca de 20% têm diabetes tipo 2. A prevalência do diabetes tipo 2 é mais alta em grupos étnicos específicos.
Números atuais sobre o Diabetes no Brasil:
- Prevalência atual: No Brasil, a prevalência de diabetes atingiu 10,1% da população adulta residente nas capitais em 2023, segundo dados do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). Este é o percentual mais alto já registrado, ultrapassando os 10% pela primeira vez na série histórica.
- Distribuição por sexo: A prevalência é maior entre as mulheres (11,1%) em comparação aos homens (9,1%), conforme apontado pelo Vigitel Brasil 2023. Dados do Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) mostram que, dos quase 30 milhões de atendimentos por diabetes realizados nas Unidades Básicas de Saúde em 2023, 65% foram de pacientes do sexo feminino e 35% masculino.
- Distribuição por idade: A prevalência aumenta significativamente com a idade, chegando a 30,3% entre pessoas com mais de 65 anos. Na população idosa acima de 65 anos, quase um terço tem diagnóstico de diabetes.
- Evolução temporal: Houve um aumento consistente nos casos ao longo dos anos. Na primeira versão da pesquisa Vigitel em 2006, a prevalência era de 5,5%, subindo para 9,2% em 2021 e alcançando 10,1% em 2023.
- Distribuição geográfica: Entre as capitais brasileiras, Brasília (DF) e São Paulo (SP) apresentaram a maior prevalência em 2023, ambas com 12,1%. Do lado oposto, Rio Branco (AC) registrou a menor prevalência, com 5,6% da população adulta.
- Estimativa total: Atualmente, o Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes, ocupando o 5º lugar entre os países com maior número de pessoas com a doença, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que a prevalência no Brasil é de 10,5%.
- Projeção futura: A estimativa da incidência da doença em 2030 no Brasil chega a 21,5 milhões de adultos com diabetes, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Tipos de diabetes mellitus
Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)
O diabetes tipo 1 representa entre 5% e 10% de todos os casos de diabetes diagnosticados. Caracteriza-se pela destruição das células beta do pâncreas, geralmente levando à deficiência absoluta de insulina, resultando em hiperglicemia, poliúria (micção excessiva), polidipsia (sede excessiva), polifagia (fome excessiva), perda de massa corporal, desidratação, alteração eletrolítica e cetoacidose.
O índice de destruição das células beta é variável, progredindo rapidamente nos bebês e crianças e mais devagar nas outras faixas etárias (principalmente adultos). A capacidade de um pâncreas saudável secretar insulina está longe de exceder o normalmente necessário. Portanto, o surgimento clínico do diabetes pode ser precedido por um período assintomático extenso, durante o qual as células beta estão submetidas à destruição gradual.
Os pacientes com DM1 são dependentes de insulina exógena para prevenir cetoacidose e morte. O DM1 pode se desenvolver em qualquer idade, embora mais casos sejam diagnosticados em pessoas com menos de 30 anos.
O DM1 apresenta duas formas: imunomediada e idiopática. O diabetes mellitus imunomediado resulta da destruição autoimune das células beta do pâncreas. O DM1 idiopático refere-se a formas da doença que têm etiologia desconhecida.
Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2)
O diabetes tipo 2 abrange 90% a 95% do total de casos. O início do diabetes nesse grupo geralmente é insidioso, apresentando-se com poucos ou sem os sintomas e sinais clínicos típicos das anormalidades metabólicas. Não há tendência à cetoacidose. É mais comum incidir na idade adulta com aumento progressivo em relação à maturidade e ao envelhecimento.
A etiopatogênese do diabetes tipo 2 envolve múltiplos fatores, destacando-se uma base genética, provavelmente mais forte que no grupo anterior, evidenciada pelo frequente padrão familiar de ocorrência. Fatores ambientais, como ingestão excessiva de calorias, com ganho de peso e obesidade, estão frequentemente presentes nesses diabéticos (60 a 90%). Resistência à insulina e defeitos de secreção podem ser evidenciados na fase hiperglicêmica, geralmente com predominância de um deles.
O DM2 é caracterizado pela combinação da resistência à insulina e falha das células beta. As concentrações de insulina endógena podem ser normais, diminuídas ou elevadas, mas são inadequadas para superar a resistência à insulina concomitante. O resultado é hiperglicemia.
Diabetes Gestacional
O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como qualquer grau de intolerância à glicose com aparecimento ou primeira identificação durante a gestação. Caracteriza-se pela presença de tolerância diminuída à glicose, de magnitude variável, com diagnóstico durante a gestação.

O DMG está relacionado tanto à resistência insulínica, associada ao aumento de hormônios próprios da gravidez (estrógeno, progesterona, prolactina, etc.), quanto à diminuição de função das células beta. O DMG ocorre em 1 a 4% do total das gestações e é associado a aumento da morbidade e mortalidade perinatal.
Outros Tipos Específicos de Diabetes
Existem outros tipos específicos de diabetes, geralmente associados a certas condições ou síndromes, como doença pancreática primária, endocrinopatias, uso de drogas diabetogênicas, anormalidade de receptores à insulina e síndromes genéticas raras.
Fisiopatologia do diabetes
Diabetes Tipo 1
Os marcadores da destruição imune das células beta incluem os autoanticorpos das células da ilhota, os autoanticorpos para insulina, os autoanticorpos para a descarboxilase glutâmica ácida (GAD65) e os autoanticorpos da fosfatase tirosina IA-2 e beta IA-2. A doença também tem fortes fatores genéticos relacionados à histocompatibilidade do antígeno local (HLA).
O índice de destruição das células beta é bastante variável, progredindo rapidamente em alguns indivíduos e mais devagar nos outros. A hiperglicemia e os sintomas se desenvolvem apenas depois de mais que 90% da capacidade secretora da massa de células beta tenha sido destruída.
Diabetes Tipo 2
O DM2 é caracterizado pela combinação da resistência à insulina e falha das células beta. A resistência à insulina é demonstrada, primeiro, nos tecidos-alvo, principalmente nos músculos, fígado e células adiposas.
Inicialmente, há um aumento compensatório da secreção de insulina (hiperinsulinemia), que mantém as concentrações de glicose na faixa normal ou pré-diabética. Em muitas pessoas, o pâncreas é incapaz de continuar a produzir insulina suficiente, ocorre hiperglicemia, e é feito o diagnóstico de diabetes.
A hiperglicemia é exibida primeiramente como uma elevação da glicemia sanguínea pós-prandial (depois da refeição) causada pela resistência à insulina em nível celular e é seguida por uma elevação da glicemia de jejum. Conforme a secreção de insulina diminui, aumenta a produção de glicose hepática causando o aumento nas concentrações de glicose sanguínea pré-prandial (jejum).
Diagnóstico do diabetes
A partir da suspeita clínica, a investigação laboratorial de DM tem como elemento mais simples e eficiente a determinação da glicemia de jejum em condições adequadamente padronizadas, tendo como nível crítico dessa determinação em soro ou plasma para diagnóstico de diabetes o valor de 126 mg/dL.
O diagnóstico definitivo de DM em indivíduos adultos não gestantes é estabelecido nas seguintes circunstâncias:
- Presença de sintomas e sinais clínicos clássicos de diabetes e aumento significativo de glicemia casual acima de 200 mg/dL – entende-se como glicemia casual aquela realizada a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições;
- Presença ou não dos sintomas e sinais clínicos mais típicos, mas níveis glicêmicos de jejum aumentados em mais de uma determinação (superiores a 126 mg/dL);
- Glicemia de jejum abaixo de 126 e maior que 100 mg/dL, mas níveis de glicemia acima de 200 mg/dL no tempo de 2 horas do teste de tolerância à glicose (OGTT – 75 g).
Glicemia de jejum abaixo de 100 mg/dL e de 2 horas após 75 g de glicose abaixo de 140 mg/dL são consideradas normais.
Pré-diabetes
Os indivíduos com um estágio de homeostase glicêmica alterado que inclui anomalia de glicemia de jejum (AGJ) e anomalia de tolerância à glicose (ATG) são indicados como tendo pré-diabetes, indicando relativamente alto risco de desenvolver diabetes e doença cardiovascular (DCV).
As pessoas em risco podem ter AGJ (glicemia plasmática de jejum entre 100 e 125 mg/dL), ATG (glicemia 2 h pós-sobrecarga de glicose de 140 a 199 mg/dL) ambos ou hemoglobina glicosilada (A1C) de 5,7% a 6,4% e devem ser orientadas sobre estratégias, como ingestão reduzida de energia, perda de massa corporal e atividade física, para diminuírem os riscos.
Comparação entre Diabetes
Comparação entre Diabetes Tipo 1 e Tipo 2 | ||
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Característica | Diabetes tipo 1 | Diabetes tipo 2 |
Início | Agudo – sintomático | Lento e tardio – frequentemente assintomático |
Quadro clínico | ⊕ Perda de peso ⊕ Poliúria ⊕ Polidipsia | ⊕ Obesidade ⊕ História familiar de diabetes tipo 2 ⊕ Etnia – populações com alta prevalência ⊕ Acantose nigricans ⊕ Síndrome do ovário policístico |
Cetose | Quase sempre presente | Geralmente ausente |
Anticorpos | ⊕ ICA positivo ⊕ Anti GAD positivo ⊕ ICA 512 positivo | ⊕ ICA negativo ⊕ Anti GAD negativo ⊕ ICA 512 negativo |
Terapia | Insulina | Alterações no estilo de vida, hipoglicemiantes orais ou insulina |
Doenças autoimunes associadas | Sim | Não |
Referências Bibliográficas:
KRAUSE, M. V.; MAHAN, L. K. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13. ed. São Paulo: Elsevier, 2015.
BORGES, V. M.; RAMOS, D. P. (Org.). Tratado de Nutrologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022.
COZZOLINO, S. M. F. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição. 4. ed. São Paulo: Manole, 2023.
Próxima parte: Aprenda tudo sobre o tratamento do diabetes, incluindo abordagens nutricionais, atividade física e terapias medicamentosas.
Este é apenas o começo da nossa jornada pelo universo do diabetes. No próximo artigo, exploraremos as estratégias de tratamento que podem transformar a convivência com esta condição. Não perca!
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